quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Trabalhando com a perda

          Ontem, recebi uma triste notícia através de uma doulanda minha, e que me fez refletir a respeito, o que me impulsionou a postar aqui essa mensagem. Ela me disse que uma amiga, havia perdido seus bebês...uma gestação muito desejada, muito esperada e muito batalhada. Eram 3 bebês...uma perda terrível para uma mãe, um pai, uma família que tanto lutou para que esses bebês viessem ao mundo. Enfim...qdo chega esse momento, nunca sabemos como lidar, conversar, consolar, afinal de contas, é uma perda irreparável. Esses bebês que se foram, eram "esses" bebês, e jamais serão substituídos por nenhum outro.
          Quando nos deparamos com esse tipo de fatalidade, o máximo que podemos fazer é dar o nosso ombro e mostrar nossa compreensão pela dor da perda. Só isso e apenas isso. porque as vezes, na tentativa de ajudar, falamos coisas que não poderiam, ou não deveriam ser ditas, e que talvez possam até aumentar essa dor.
          Na Conferência de Brasília, assisti a uma aula com a doula Ana Cristina Duarte, que enfocava o assunto em questão, "a perda", e ela comentou a respeito de uma carta,  escrita por uma enfermeira americana que perdeu o seu bebê, e nos relata os sentimentos e angústias desse momento de dor, principalmente diante de palavras e comentários de  pessoas, na tentativa de ajudar.
          Acredito que após ler essa carta, a nossa postura diante de tal fato com certeza irá mudar, e para melhor.

Carta de uma mãe que perdeu o seu bebê

          Quando estiver tentando ajudar uma mulher que perdeu um bebê, não ofereça sua opinião pessoal sobre sua vida, suas escolhas, seus projetos para seus filhos. Nenhuma mulher nesta situação está procurado por opiniões (de leigos) sobre porque isto aconteceu ou como ela deveria se comportar.

          Não diga: É a vontade de Deus. Mesmo se nós somos membros de uma mesma congregação, a menos que você seja um dirigente desta igreja e eu estiver procurando por sua orientação espiritual, por favor, não deduza o que Deus quer para mim. A vontade de Deus é que ninguém sofra. Ele apenas permite.
Apesar de saber que muitas coisas terríveis que acontecem são permitidos por Deus, isto não faz estes acontecimentos menos terríveis.

          Não diga: Foi melhor assim havia alguma coisa errada com seu bebê. O fato de haver alguma coisa errada com o bebê é que me faz tão triste. Meu pobre bebê não teve chance. Por favor, não tente me confortar destacando isto.

          Não diga: Você pode ter outro. Este bebê nunca foi descartável. Se tivesse a escolha entre perder esta criança ou furar meu olho com um garfo, eu teria dito: Onde está o garfo? Eu morreria por esta criança, assim como você morreria por seu filho. Uma mãe pode ter dez filhos, mas sempre sentirá falta daquele que se foi.

          Não diga: Agradeça a Deus pelo(s) filho(s) que você tem. Se a sua mãe morresse num terrível acidente e você estivesse triste, sua tristeza seria menor porque você tem seu pai?

          Não diga: Agradeça a Deus porque você perdeu seu filho antes de amá-lo realmente. Eu amava meu filho ou minha filha. Ainda que eu tenha perdido meu bêbê tão cedo ou quando nasceu, eu o amava.

          Não diga: Já não é hora de deixar isto para trás e seguir em frente? Esta situação não é algo que me agrada. Eu queria que nunca tivesse acontecido. Mas aconteceu e faz parte de mim para sempre.A tristeza tem seu tempo que não é o meu ou o seu.

          Não diga: Eu entendo como você se sente. A menos que você tenha perdido um bebê, você realmente não sabe como eu me sinto. E mesmo que você tivesse perdido, cada um vivencia esta tristeza de modo diferente.

          Não me conte estórias terríveis sobre sua vizinha, prima ou mãe que teve um caso parecido ou pior. A última coisa que preciso ouvir agora é que isto pode acontecer seis vezes pior ou coisas assim. Estas estórias me assustam e geram noites de insônia assim também como tiram minhas esperanças. Mesmo as que tenham tido final feliz, não compartilhe comigo.

          Não finja que nada aconteceu e não mude de assunto quando eu falar sobre o ocorrido. Se eu disser antes do bebê morrer... Ou quando eu estava grávida...não se assuste. Se eu estiver falando sobre o assunto, isto significa que quero falar. Deixe-me falar. Fingir que nada aconteceu só vai me fazer sentir incrivelmente sozinha.

          Não diga Não é sua culpa. Talvez não tenha sido minha culpa, mas era minha responsabilidade e eu sinto que falhei. O fato de não ter tido êxito, só me faz sentir pior. Aquele pequenino ser dependia unicamente de mim para trazê-lo ao mundo e eu não consegui. Eu deveria trazê-lo para uma longa vida e não pude dar-lhe ao menos sua infância. Eu estou tão brava com meu corpo que você não pode imaginar.

          Não me diga: Bem, você não estava tão certa se queria ter este bebê... Eu já me sinto muito culpada sobre ter reclamado sobre mal estar matinais ou que eu não me sentia preparada para esta gravidez ou coisas assim. Eu já temo que este bebê morreu porque eu não tomei as vitaminas, comi ou tomei algo que não devia nas primeiras semanas quando eu não sabia que estava grávida.

          Eu me odeio por cada minuto que eu tenha limitado a vida deste bebê. Se sentir insegura sobre uma gravidez não é a mesma coisa que querer que meu bebê morra, eu nunca teria feito esta escolha.

          Diga: Eu sinto muito. É o suficiente. Você não precisa ser eloqüente. As palavras dizem por si.

          Diga: Ofereço-lhe meu ombro e meus ouvidos.

          Diga: Vocês vão ser pais maravilhosos um dia ou vocês são os pais mais maravilhosos e este bebê teve sorte em ter vocês. Nós dois precisamos disso.

          Diga: Eu fiz uma oração por vocês. Mande flores ou uma pequena mensagem. Cada uma que recebi, me fez sentir que meu bebê era amado. Não envie novamente se eu não responder.

          Não ligue mais de uma vez e não fique brava (o) se a secretária eletrônica estiver ligada e eu não retornar sua chamada. Se nós somos amigos íntimos e eu não estiver respondendo suas ligações, por favor, não tente novamente. Ajude-me desta maneira por enquanto.

          Não espere tão cedo que eu apareça em festas infantis e ou chás para bebes ou vibre de alegria no dia das mães. Na hora certa estarei lá.

          Se você é meu chefe ou companheiro de trabalho:

          Reconheça que eu sofri uma morte em minha família não é simplesmente uma licença médica. Reconheça que além dos efeitos colaterais físicos, eu vou estar triste e angustiada por algum tempo. Por favor, me trate como você trataria uma pessoa que vivenciou a morte trágica de alguém que amava. Eu preciso de tempo e espaço.

          Por favor, não traga seu bebê ou filho pequeno para eu ver. Nem fotos. Se sua sobrinha está grávida, ou sua irmã teve um bebê há pouco, por favor, não divida comigo agora. Não é que eu não possa ficar feliz por ninguém mais, é só que cada vez que vejo um bebê sorrindo ou uma mãe envolta nesta felicidade, me traz tanta saudade ao coração que eu mal posso agüentar. Eu talvez diga olá, mas talvez eu não consiga reprimir as lágrimas. Talvez ainda se passarão semanas ou meses antes que eu fique pelo menos uma hora sem pensar nisso. Você saberá quando eu estiver pronta.Eu serei aquela que perguntará pelos bebes, ou como está aquele garotinho lindo?

          Acima de tudo, por favor, lembre-se que isto é a pior coisa que já me aconteceu.

          A palavra morte é pequena e fácil de dizer. Mas a morte do meu bebê é única e terrível. Vai levar um bom tempo até que eu descubra como conviver com isto.




segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Um terço das grávidas atendidas na rede pública sofre de depressão ou ansiedade

Do UOL Ciência e Saúde
Em São Paulo
          Um terço das gestantes atendidas na rede pública de saúde sofre com sintomas de ansiedade e depressão. É o que mostra estudo realizado na Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e publicado no “Journal of Psychosomatic Obstetrics & Gynecology”. Apesar da necessidade de tratar o problema, no entanto, o trabalho sugere que ele não interfere no peso da criança ao nascer ou na ocorrência de partos prematuros, ao contrário do que outros pesquisadores já sugeriram.

           O estudo contou com 831 gestantes com uma idade média de 25 anos. A prevalência de transtornos mentais como ansiedade e depressão foi de 33%. Entre as mulheres que apresentavam os sintomas, apenas 7,6% dos bebês nasceram com baixo peso (menos de 2,5 Kg) e 6,9% tiveram parto prematuro (antes da 37ª semana), valores não muito diferentes dos encontrados entre as grávidas sem o problema.

           O coordenador do estudo, o ginecologista Alexandre Faisal, blogueiro do UOL, explica que a relação esse tipo de transtorno na gravidez e complicações no parto ou baixo peso ao nascer é controversa: alguns estudos indicam que há interferência, enquanto outros dizem que não. “Uma revisão recente de diversos estudos defende a associação, mas ao mesmo tempo diz que ela é modesta e que depende de contextos socioeconômicos (ou seja, do grau de desenvolvimento da população estudada)”, diz.

           Os fatores que mais predispõem a gestante a sintomas ansiosos e depressivos são baixo nível socioeconômico, conflitos conjugais, falta de suporte social, histórico pessoal e familiar de depressão ou outro problema psiquiátrico e ausência de planejamento da gravidez.

           Ainda que o problema não interfira tanto na saúde do bebê ao nascer, Faisal alerta que deixar de tratá-lo na gravidez pode trazer consequências para a criança no futuro. Gestantes deprimidas ou ansiosas têm maior risco de sofrer depressão pós-parto, o que prejudica o desempenho da mãe em um momento crítico do bebê. “Estudos que acompanharam o desenvolvimento psicossocial e motor dos filhos de mães deprimidas mostram uma série de complicações, como pior performance em testes, prejuízo nos relacionamentos sociais, comportamento antissocial, isolamento e tendência a depressão”, relata.

           O tratamento da depressão durante a gravidez pode envolver o uso de medicamentos, mas de forma criteriosa. O ginecologista afirma que existem trabalhos associando alguns tipos de antidepressivos a malformações fetais, por isso os médicos costumam avaliar muito bem o custo-benefício da terapia, além de evitar a prescrição no primeiro trimestre de gestação e tentar sempre a menor dose possível. Já para casos leves ou moderados, a primeira opção pode ser a psicoterapia, que gera melhora dos sintomas em 60% das vezes.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

CURSO DE ENSINAMENTOS TRADICIONAIS SOBRE O PARTO E NASCIMENTO COM D.FLOR

Recebi esse convite, e repasso a todos os meus seguidores. Para que tem a possibilidade de ir, é realmente IMPERDÍVEL!!!!



D. Flor, conhecida parteira tradicional residente no Moinho, em Alto Paraíso, Chapada dos Veadeiros, Goiás, está disposta a passar seus conhecimentos sobre parto e nascimento. Ela já fez mais de 300 partos e pariu 13 filhos. É raizeira e tem profundo conhecimento sobre as melhores ervas para serem usadas nas várias fases da vida da mulher. Com pouco mais de 70 anos de idade, D.Flor diz que quer transmitir o que sabe para que outros homens e mulheres possam ajudar no parto e nascimento.
D. Flor sabe muito, um pouco desse rico conhecimento será passado neste curso, uma rara oportunidade para ter acesso à sua sabedoria ancestral.


Data: 27 a 30 de Abril e 1º de Maio

Horário: 9 às 12 – 14:00 às 18 horas de quinta a sábado  e de 9 às 14hs no domingo

Conteúdo sugerido pela D.Flor:

  • Saúde da Mulher: cuidados necessários antes de engravidar
  • Cuidados com a Saúde na gestação, parto e pós-parto
  • Uso de plantas medicinais nas diferentes fases da vida da mulher e do bebê
  • Oficina de Simulação do Parto
  • Cuidados com o Recém Nascido

Organização
O Curso está sendo organizado pela Casa da Luz, com apoio do Centro de Estudos UnB Cerrado e será realizado no Espaço Adi Shakti, localizado no Moinho e que comporta, no máximo, 20 participantes.

Hospedagem e refeições
Será oferecido hospedagem na Aldeia Maiana para 10 participantes a R$ 45,00 por dia, incluindo café da manhã, almoço e jantar. O almoço será para todos no mesmo local a R$ 10,00 por pessoa.Existem outros locais para hospedagem no Moinho, no Espaço Adi Shakti, no Sitio Flor de Ouro e na D. Alzira, que deverão ser tratados diretamente com os proprietários.
 Quem preferir, pode ir e vir de Alto Paraíso onde existem várias pousadas.


Investimento: RS 260,00 à vista ou duas parcelas de R$ 140,00


Realização: Casa da Luz, Centro de Estudos UnB-Cerrado e Espaço Adi Shakti

Apoio: , REHUNA – Rede pela Humanização do Parto e Nascimento.

Mais Informações: com Livia ( 61) 96183773, 32537095

domingo, 16 de janeiro de 2011

Semana Mundial Pelo Respeito ao Nascimento 2011

Teatro Municipal de Americana
A SMRN acontece no Brasil desde 2007. É uma iniciativa internacional em prol de temas específicos relacionado à promoção do parto e nascimento respeitoso. A Alliance Francophone pour láccouchement Respecté (AFAR) lançou essa iniciativa em 2003. De 16 a 23 de maio de 2010, o tema da SMRN foi "Parir e Nascer, do Trauma ao Prazer", e foi comemorada  aqui na região, com uma exposição de fotos, organizada pelas ativistas da Rede Parto do Principio.




Exposição no Shopping Welcome Center
          Esse ano, a SMRN será comemorada de 15 a 22 de maio. e o tema é : Meu Parto, Meu Corpo, Meu Bebê. A Escolha é Minha.e mais uma vez, estarei participando junto com a Renata Olah com a exposição de fotos em Americana, Campinas e Sumaré. Quando estiver mais próximo da data eu divulgo os locais de exposição. 


Socorristas Cristãs
Hospital S. Francisco










        

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Semana Mundial do Parto Respeitado 1 - HumPar

Semana Mundial Pelo Parto Respeitado 2 - HumPar

Alfabeto do parto

          Um dia, a colega Adriana Tanese postou numa lista de discussão esse alfabeto do parto, que é de sua autoria. Acho bem interessante, e costumo repassar prás minhas gestantes. São dicas, emoções e sensações vivenciadas pela mulher durante todo o trabalho de parto, em seu percurso até o nascimento. Cada vez que leio sinto como se estivesse vivenciando esse momento (Isso porque tenho 2 cesáreas). Acredito que  as mulheres, que já passaram pelo processo de um parto normal vão concordar com o que estou dizendo, e é muito provável que tenham essas sensações ampliadas. Leiam, e comentem. Vale a pena.
 

Alfabeto do parto

A -     Ame a si mesma, ame seu corpo. Anime-se.
B -    Beije seu marido, companheiro, beije quem você ama.
C -    Caminhe, cante, concentre-se. Confie.
D -    Deixe seu trabalho de parto acontecer; deixe-se ser.
E -    Emocione-se, enxergue a beleza do que está acontecendo.
F -    Faça tudo o que sentir vontade de fazer.
G -    Goze.
H -    Haja paciência!
I -      Intua, invente, imagine.
J -     Jogue fora os medos e os preconceitos.
K -    Ki que é isso?!
L -    Levante-se e rebole.
M -   Mantenha a calma.
N -    Não perca as esperanças nem a confiança em si mesma.
O -    Olhe para dentro de si. Ouça seus instintos.
P -    Pare para perceber seu heroísmo e a maravilha do nascimento.
Q -    Queira sua inteireza.
R -    Respire fundo.
S -     Siga o ritmo de seu corpo. Siga a natureza respirando dentro de      você.
T -    Tenha coragem e fé.
U -    Úive como uma loba.
V -    Veja como é forte, veja seu poder.
W -   Wow! Você está conseguindo!!
X -    Xiii..., o médico ainda não chegou...
Y -    Yeesss! Você conseguiu!
Z -    Zilhões de vezes você venceu!!!!!!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Oração à Santa Margarida


          Hoje surgiu na lista "Doulas do Brasil" um comentário sobre a oração à Santa Margarida, protetora das grávidas e de acidentes imprevistos durante a gravidez. Sou católica, e resolvi compartilhar com vocês essa oração. Vale a pena ler e guardar.

ORAÇÃO À SANTA MARGARIDA 

EM NOME DO PAI  +  DO FILHO  +  DO ESPIRITO SANTO
DEUS DE BONDADE E DE MISERICÓRDIA,
QUE A TODOS NÓS CRIASTES PARA SALVAÇÃO ETERNA,
QUE NÃO O MAL DE NINGUÉM,
PEÇO-VOS CONFIANTEMENTE,
DIGNAI-VOS SOCORRER
PELA INTERCESSÃO DE VOSSA MÁRTIR SANTA MARGARIDA,
CUJAS VIRTUDES E SOFRIMENTOS GLORIFICARAM VOSSO NOME.
POR NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.
 
ASSIM SEJA.
REPETIR 3 VEZES:
SANTA MARGARIDA,
PROTETORA DAS MULHERES GRÁVIDAS
QUE SE COLOCAM SOB VOSSA PROTEÇÃO, ROGAI POR NÓS.
SANTA MARGARIDA,
SÊDE NOSSA ADVOGADA NAS OCASIÕES DIFÍCEIS.
ORAR 1 CREDO, 1 P. N. E 1 A. M.
OBS: ESTA ORAÇÃO, CONVÉM SER
REZADA DURANTE TODO O PERÍODO DE GRAVIDEZ

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Parto normal após cesárea

          As vezes algumas mulheres me procuram na busca por um parto normal após uma ou duas cesáreas (VBAC ou PNAC). A maior dificuldade dessas mulheres é encontrar um médico que aceite essa situação e acompanhe esse parto. O discurso é sempre o mesmo: Risco de ruptura uterina. Segue uma pesquisa recente que nos mostra que não existem riscos acrescidos de ruptura, mesmo após 3 cesarianas (http://www.mae.iol.pt/artigo.html?id=1141185&div_id=3629).

          O potencial risco de ruptura uterina leva a que as mulheres que já tiveram um parto por cesariana sejam ainda aconselhadas a fazer nova cesariana em gravidezes posteriores.
           Nos últimos anos, essa prática foi-se alterando. Em 2004, um estudo em larga escala revelou que o risco de ruptura era para mulheres com cesariana prévia de 0,7 por cento.
           Um novo estudo sugere agora que esse risco é ainda inferior, não sendo, por isso, significativo. Assim sendo, os investigadores afirmam que é seguro para grávidas com cesariana ou cesarianas anteriores, optar pelo parto vaginal. Mulheres já com três cesarianas na história médica não mostraram riscos acrescidos ao optarem por um parto vaginal.
           O estudo fez uma revisão dos registos de 25 mil mulheres, com cesarianas anteriores, que deram à luz em 17 hospitais americanos. 860 destas grávidas já tinham sido submetidas a três cesarianas anteriormente; destas, 89 mulheres tentaram o parto vaginal, enquanto 771 marcaram nova cirurgia para retirar o bebé.
           Não houve registo de rupturas uterinas em nenhum dos grupos. As 89 mulheres que optaram pelo parto vaginal após três cesarianas não revelaram também maior incidência de outras lesões, nomeadamente ao nível do aparelho urinário ou lacerações da artéria uterina (outras complicações tradicionalmente associadas a partos vaginais após cesarianas).
           As probabilidades de conseguir o parto vaginal revelaram-se semelhantes, fosse qual fosse o número de cesarianas anteriores. 13600 mulheres com uma ou duas cirurgias no «currículo» optaram pelo parto vaginal - 75 por cento conseguiu-o. No gurupo das que já tinham passado por três cesarianas a percentagem foi até supeiror: 80 por cento. Todas elas tinham tido incisão transversal baixa - o que diminui os riscos de ruptura uterina, em relação à incisão vertical antigamente usada.
           Outro ponto a referir é que se houve também um parto vaginal anterior, as probabilidades de sucesso na opção pelo parto vaginal são ainda superiores.

Os resultados do estudo foram publicados no British Journal of Obstetrics and Gynaecology (BJOG).

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Conversando sobre sexo com as crianças

Durante os meus grupos de gestantes, sempre surge essa questão, vinda de mães que já têm filhos, e que com a vinda da gravidez, desperta essa curiosidade nas crianças. Chegou em minhas mãos hoje, um artigo bem legal, e que pode ajudar aos pais, como conversar com seus filhos sodre sexo. Vale a pena conferir.

Conversa de sexo com as crianças não precisa ser careta ou repressiva
Respeitar a curiosidade e a capacidade de compreensão da criança é fundamental  

Quando a criançada começa a perguntar coisas como: O que é sexo? Da onde eu vim? Para que serve a camisinha? Por que meu corpo é diferente do seu? Como se faz um bebê?, os pais, em geral, são pegos de surpresa e buscam uma saída para essas situações. Só que, na maioria das vezes, as soluções encontradas não são as mais corretas, como, por exemplo, inventar a história da cegonha que trouxe o bebê ou da sementinha que a mamãe comeu. Mas, ao contrário do que o senso comum acredita, o assunto "sexo" não precisa ser tabu e pode ser tratado com naturalidade. É importante para a formação dos filhos, que os pais respeitem a curiosidade sobre o tema.
Encarar com naturalidade
Muitos pais não se acham preparados para lidar com o assunto e costumam evitar ao máximo saciar ou aguçar a curiosidade do filho em relação ao sexo. "Os adultos que fazem disso um tabu provavelmente não tiveram uma orientação sexual adequada. Evitam falar do assunto porque vêem a questão sexual de forma erótica e não como parte de uma necessidade natural do ser humano", explica a psicóloga Maria Dirce Benedito, do departamento de pediatria da Unifesp.
Se a criança não acha espaço para encontrar as informações de que precisa, ela começa a buscar em outras fontes, como os amigos da escola, filmes, revistas, sites na internet. O problema é que essas fontes nem sempre são confiáveis. "Os pais precisam auxiliar na educação do filho, e o sexo também deve fazer parte do aprendizado. O mais importante é tratar do assunto com muita naturalidade, entendendo que é um processo normal", ensina a psicóloga.  
Devo tomar a iniciativa ou esperar ser questionado?
Não existe uma idade certa para conversar com a criança. O ideal é que os pais fiquem atentos à curiosidade da criança e à capacidade cognitiva dela, ou seja, o quanto ela quer saber sobre o assunto e até onde ela conseguirá compreender. "Se a família decidir falar com a criança sobre sexo antes que ela própria esteja disposta a entender, vai haver um atropelamento de interesses e, provavelmente, a criança não dará ouvidos por muito tempo", explica a especialista da Unifesp.
É a partir dos dois anos de idade, que as crianças começam a ter sua atenção despertada para as diferenças e sensações do corpo, mas a capacidade de abstração ainda é pequena. Os pais podem começar a introduzir informações de acordo com o desenvolvimento neurológico da criança. "Aos sete anos, as crianças já têm maior capacidade de aprendizado. Nessa fase, os pais já podem começar a ensinar melhor como funciona uma relação sexual e os nomes, como pênis, vagina, vulva", ensina a especialista. E por falar em nomes, o ideal é que os pais ensinem o nome real das partes genitais e dos termos relativos ao sexo.
Desenvolva o assunto
A melhor maneira de começar uma explicação sobre sexo é perguntar para a criança o que ela já sabe sobre o assunto. "Assim você terá uma ideia melhor do que ela realmente quer saber e qual é o nível de compreensão dela", explica Maria Dirce. É importante também entender da onde vem a curiosidade. Isso pode ajudar a saber se a criança está adquirindo hábitos não indicados para ela ou não. As informações da TV, por exemplo, podem antecipar o período de questionamento infantil.
É bom que os pais reflitam sobre o que é realmente bom para o filho e o que deve ser deixado de lado. "Tudo está ficando muito erotizado. Muitas vezes as famílias colaboram para a antecipação da adolescência e para que o sexo se torne algo banal, através do incentivo a filmes com conteúdo adulto, à músicas conotativas e até do uso de roupas mais justas. O que acontece é que as pessoas acabam esperando que as crianças tenham um comportamento mais erotizado e isso pode ser uma influência negativa para a criança", acredita Maria Dirce. "O papel dos pais, além de educar e ensinar é filtrar algumas informações com as quais os filhos possam ter contato, o que não deve ser feito de maneira repressiva, mas com base em diálogos e estabelecimento de limites." 
O primeiro contato
A repressão nunca é a melhor maneira de educar, ainda mais se for uma criança. Proibição pode, inclusive, estimulá-la a ir de encontro com o que foi dito pelos pais. Em relação à experiência sexual, pais e educadores precisam tomar cuidado para não serem repressores. O contato com o próprio corpo faz parte da descoberta infantil e do aprendizado. É importante que a criança, que deseja, tenha essa experiência de conhecer a si mesma. Frases como "tira a mão daí que machuca", "isso é sujo", "isso é feio", devem ser evitadas.
Além disso, a psicóloga ensina que livros de educação sexual infantil costumam ser valiosos nessa fase de descobertas, pois assim as crianças podem compreender melhor, por meio de figuras, o que é cada termo e possíveis sensações que ela sentir.
O papel da escola
Algumas escolas contam com aulas de educação sexual e, segundo a psicóloga, seria importante se todas elas aderissem à disciplina. "É muito importante o acompanhamento da escola também em relação à sexualidade. Ensinar o assunto de intensidade diferente, nas diferentes fases da infância é muito importante também para esclarecer dúvidas que as crianças possam ter e não tem coragem de conversar com os pais", acredita Maria Dirce.  
Pais e filhos mais próximos
Falar de sexo com os filhos faz parte de um relacionamento saudável entre as famílias. O diálogo aberto é sempre importante, como ensina a psicóloga da Unifesp. "Um relacionamento aberto entre pais e filhos contribui para aproximar a família. Se desde pequeno os pais tentam compreender e orientar a criança, o vínculo vai estar mais fortalecido e as crianças vão ver neles uma fonte de confiança."

Fonte: Andressa Basilio/UOL

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Paternidade na adolescência


Tainá, Wanderson e Vitor

          Minha monografia da Pós em Educação Sexual foi baseada nesse tema. Encontrei muita dificuldade na busca de material para a redação da mesma. Portanto, compartilho aqui um breve resumo do assunto. Se alguém quiser uma cópia da minha monografia, basta entrar em contato pelo email ao lado tá? As fotos foram cedidas pela Tainá (15 anos), que é casada com o Wanderson (21 anos) e mãe do Vitor.
Wanderson e Vitor


             De acordo com um relatório da ONU, divulgado em novembro de 2008, o Brasil tem a segunda maior taxa de gravidez entre jovens de 15 a 19 anos da América do Sul.  São 89 nascimentos para cada 1000 mulheres nesta faixa etária no País.
            Esse tema tem despertado interesse no meio profissional e social, na busca de alternativas para prevenção, e na elaboração de medidas que amenizem as consequências psicossociais para esses adolescentes e para o bebê.
Porém, a grande maioria desses estudos é direcionada à mãe adolescente: os aspectos psicológicos, e os riscos físicos e emocionais que essa gestação pode trazer a ela e ao bebê. Muito pouco se encontra a respeito dos pais adolescentes. Talvez por tratar-se de situação menos contundente, tem merecido pouca atenção dos pesquisadores. A importância do pai adolescente para o desenvolvimento saudável da criança, bem como do contexto no qual ele está inserido, têm sido negligenciados. Esquecem que assim como a menina grávida, ele também se encontra diante de uma situação nova, crítica, que desperta um emaranhado de emoções nunca antes sentidas, e que se não avaliadas e cuidadas, podem gerar consequências psíquicas consideráveis.
            A sociedade contemporânea estimula a iniciação sexual desses jovens  através da mídia, explorando o sexo como mercadoria e dissociado do contexto afetivo-emocional.  Porém, essa mesma sociedade que estimula essa experiência, carece de políticas para acolher, cuidar e orientar esses jovens.
            A sexualidade e a gravidez na adolescência têm sido vistas pelos órgãos de saúde como sendo exclusivamente fisiológicos, desconsiderando toda a carga psíquica envolvida e as consequências decorrentes dessa assistência precária. A gravidez na adolescência é muito mais do que um simples processo físico, é um reflexo social. É preciso investigar o significado real que esse filho, nesse momento, traz para esses jovens.
            Apesar do discurso de igualdade de direitos entre os sexos no que tange à liberdade sexual, as jovens grávidas ainda são estigmatizadas pela sociedade, sofrendo discriminação, e o jovem pai ainda carrega o rótulo de “culpado”.     
Wanderson e Vitor
            Em sua busca por assumir a paternidade frente à sociedade, o jovem pai se depara com muitos obstáculos nem sempre tão simples de serem superados, como subemprego, evasão escolar, enfrentamento social, e o que é mais conflitante, a dificuldade que encontra ao querer participar ativamente da gestação de sua companheira.
            A saída da mulher para o mercado de trabalho proporcionou uma divisão de tarefas, onde o homem passou a se integrar com as tarefas domésticas e o cuidado dos filhos. Com isso a gravidez, antes um cuidado exclusivo da mulher, passou a ser uma preocupação do casal, com maior participação paterna. Mesmo assim, ainda é extremamente difícil ao homem encontrar espaço para vivenciar esse momento de maneira mais plena, se agravando ainda, por ser jovem.
            Sendo assim, podemos resumir a realidade do pai adolescente como um jovem mergulhado nos conflitos e angústias pertinentes à adolescência, pressionado por uma sociedade que cobra uma posição frente ao fato, impedido de viver essa experiência e sem um espaço onde possa ser acolhido e escutado.
            É dever do jovem, assumir a paternidade, mas é seu direito de receber apoio, acolhimento e reconhecimento frente aos órgãos de saúde.